agora eu sou um especialista

Sim seguidougs! Depois de 18 anos me dedicando ao diagnóstico por imagem (04 anos como estagiário no setor de imagem e 14 anos de formado) eu posso, legalmente, dizer que sou um Especialista em Diagnóstico por Imagem na Medicina Veterinária.

Este título suado veio depois de muita dedicação e estudo e aqui eu vou explicar para vocês a importância deste título, porquê ele e como você pode fazer para também se tornar um especialista em diagnóstico por imagem.

a importância dos especialistas

Estamos cansados de saber o elevado número de faculdades de medicina veterinária existentes no Brasil, e a quantidade de médicos veterinários formados a cada ano. Com a elevada quantidade, é inevitável que aumente o número de imaginologistas, e tornar-se um especialista te trará o destaque necessário para mostrar aos demais veterinários e a comunidade em geral que você não apenas atua em uma área específica, mas se mantém atualizado, estuda, se dedica e, possui um certificado da entidade específica da área para comprovar isso. São os especialistas que, além de atuarem na rotina, podem ser convocados para discussão de casos complexos e emitir pareceres específicos sobre determinadas situações. A opinião de um especialista sempre é valida, apesar (claro) de não estarem imunes a erros.

o que é um título de especialista

Quando nos formamos médicos veterinários, legalmente estamos habilitados em atuar em qualquer uma das inúmeras áreas da medicina veterinária. Porém, cada uma das áreas da medicina veterinária exige dedicação, estudo, tempo, prática, etc. e é humanamente impossível obter excelência em atuação em todas, por isso, logo que nos formamos (ou depois de algum tempo) tendemos a focar nossos estudos a determinada área, seja por aptidão ou por necessidade do mercado local.

O foco em determinada área pode ser obtido através de cursos livres, cursos de curta duração, cursos de pós graduação, residência, programas de trainees, prestigiando congressos da áreas, grupos de estudo, dentre outros. Cada uma dessas opções tem suas características próprias e todos se complementam, por contribuírem de maneira diferente na formação de cada um.

Dentre estes citados, os programas de residência e cursos de pós graduação fornecem aos concluintes um certificado (reconhecido pelo MEC) de profissional Especializado. Ou seja: um profissional que concluiu um curso de especialização torna-se um profissional especializado.

Isso por si, já dá ao profissional relativo destaque frente aos demais, pois certificar que este profissional dedicou-se por relativo longo tempo à área de interesse (no nosso caso, o Diagnóstico por Imagem).

Por outro lado, o título de especialista dá ainda maior prestígio ao médico veterinário que o possui, pois através reflete que o profissional conseguiu comprovar que sua dedicação na área de interesse por um longo período de tempo, além de ter sido aprovado em provas que certificam sua expertise na área de interesse.

quem certifica os especialistas

Em diagnóstico por imagem, quem certifica um profissional como especialista é a ABRV (Associação Brasileira de Radiologia Veterinária). A ABRV é a associação que todo médico veterinário que se dedica ao Diagnóstico Por Imagem deveria já estar associado, por promover encontros on line mensais para a discussão de importantes pontos da nossa área, além de realizar o Simpósio Internacional de Diagnóstico por Imagem Veterinário (SINDIV). Se o candidato for associado a pelo menos cinco anos, e aprovado nas provas de título, também será concebido como membro do Colégio Brasileiro de Radiologia Veterinária (aqui, estamos falando da elite do Diagnóstico por Imagem do nosso país).

como se tornar um especialista

Para se tornar um especialista em DPIV o médico veterinário precisa ser aprovado com pelo menos 70% de acertos nas provas, que devem acontecer a cada dois anos. Mas para a realização da prova, o médico veterinário precisa comprovar sua dedicação ao diagnóstico por imagem.

Para que sua inscrição na prova seja aprovada, é necessário comprovar sua atuação há pelo menos cinco anos no diagnóstico por imagem. Além disso, é necessária a pontuação mínima de 100 pontos em seu currículo, e tudo vale ponto: pós-gradução, residência, mestrado, doutorado, cursos, atuação na área, etc. Cada atividade destas possui pontuação específica, que deve variar em cada edital.

Se você for associado a ABRV a pelo menos cinco anos, você também será candidato a entrar como membro do CBRV (pelo menos foi assim na última prova, talvez hajam mudanças para os próximos editais).

Se sua inscrição foi aprovada, prepare-se: você fará a prova!

como foi a prova

A prova é dividida em parte teórica e parte prática, sendo que você só fará a parte prática, se for aprovado com ao menos 70% de acertos na prova teórica.

A prova teórica consistiu em 80 questões de múltipla escolha (cheeeeeia de pegadinhas) sobre tudo o que se refere o diagnóstico por imagem: radiologia, ultrassonografia, tomografia, ressonância, anatomia topográfica, fisiologia, etc, podendo haver questões de qualquer espécie (menos a humana rs). Com duração de quatro horas. Se você acertar a quantidade mínima exigida, segue para a prova prática.

Quando realizei a prova prática, cada candidato foi alocado em uma cabine com computador (sem acesso a internet), onde haviam disponíveis imagens em vídeos de 10 casos de radiologia, 10 casos de ultrassonografia, 1 caso de tomografia computadorizada e 1 caso de ressonância magnética. A prova consistia em elaborar o laudo completo de cada caso, redigindo à mão (sim, com papel e caneta). Foi uma prova exaustiva, e praticamente todos os candidatos usaram quase que o tempo total da prova (quatro horas) para redigir os laudos.

A prova foi elaborada por colegas especialistas e, também corrigida por eles. A correção da prova prática foi mais demorada pois exige muito mais dedicação e leitura que a prova teórica (que era de múltipla escolha).

Se sua nota for superior a 7,0 nessa prova prática, você recebera um certificado de aprovação e seu nome estará em uma lista fornecida ao CFMV para que seja solicitado o título de especialista.

minha opinião

Nesta prova, ficou muito claro para mim que quem a elaborou focou muito mais em certificar os profissionais que realmente estão na rotina, atuando diariamente, pois tanto a prova teórica quanto a prova prática eram compostas por questões e desafios que enfrentamos no dia-a-dia. Claro que existiam detalhes, algumas informações mais difíceis, mas a maioria eram situações da rotina. O que torna essa prova um verdadeiro desafio é ter que estudar conteúdo de todas as subáreas do diagnóstico por imagem, incluindo espécies que não trabalho no cotidiano (como grandes animais e silvestres). De qualquer forma, entendo essa necessidade pois o título obtido não é específico para pequenos, grandes ou animais exóticos, envolve realmente tudo.

A prova anterior a essa, foi realizada (eu acho) em 2013 ou 2014, e na minha opinião foi um pouco mais fácil (muito fácil pra mi dizer isso, já que não a fiz né? haha). Mas eu falo isso pensando que há 10 anos atrás, tínhamos muito menos literatura e artigos para nos preocuparmos em estar atualizados. Além disso, a prova prática era exclusiva da área em que você se dedica, ou seja: a minha prova prática seria realizar a varredura ultrassonográfica de um paciente e confeccionar o laudo apenas dele.

De qualquer forma, eu acredito que a prova seja constantemente atualizada, para manter o seu propósito de elencar os profissionais que se mantém atualizados e em constante evolução. Portanto, não acredite que o próximo processo de titulação seja idêntico a este que eu fiz: certamente haverão semelhanças mas também haverão atualizações.

A primeira na minha opinião seria a pontuação de currículo, uma vez que considero injusto que o certificado de mestrado já contemple os 100 pontos exigidos no currículo para a realização da prova, sendo que o caminho acadêmico do mestrado/doutorado é um caminho divergente do caminho profissional trilhado por alguém que quer ser especialista. Quem quer vida acadêmica segue para mestrado, doutorado, pós doc, etc. e quem quer atuar no mercado de trabalho segue para residência, pós-graduação, etc., por isso acredito que a pontuação não deveria ser semelhante à ambas vertentes.

Também acredito que a prova prática sofra alterações, pois a forma como foi exigiu mais paciência do que conhecimento dos candidatos. Se a prova pudesse ser feita digitando os laudos, seria muito mais prático, os candidatos poderiam focar mais na descrição e os elaboradores poderiam até selecionar casos mais desafiadores.

importante lembrar

Que o título de especialista não é vitalício, como um mestrado ou doutorado. Isso significa que periodicamente há a necessidade de comprovar sua atuação e atualização na área, por meio de certificados que demonstrem sua dedicação. A certificação tem validade de cinco anos e, eu ainda não fui informado de como cada atividade será pontuada.

o que muda?

O especialista pode sim, exigir remuneração adequada, prevista inclusive nos regimentos da medicina veterinária. Nos estados em que ainda é emitida a cédula profissional impressa, essa será emitida agora na cor vermelha, que destaca se tratar de um profissional especialista, além desta informação estar contida na cédula.

Nos estados em que é emitida a cédula digital, esta já é fornecida com a informação da titulação e sua data de validade, de quando deverá ser realizada a revalidação.