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anasarca - acompanhamento ultrassonográfico gestacional

Dentre as máformações fetais, a anasarca se sobressai pela maior frequência que a observamos (pelo menos na minha rotina) e pela facilidade de identificá-la. Talvez por isso a casuística maior.


Para identificar a anasarca, precisamos estar familiarizados com a morfologia fetal, durante os estágios de evolução e organogênese, uma vez que a identificamos durante a avaliação morfológica no modo B.


identificação precoce

Exemplo de avaliação Doppler da artéria uterinoplacentária

A identificação precoce que observa a possibilidade de malformações se dá pela avaliação Doppler da artéria uterinoplacentária na terceira semana de gestação. A alteração observada é o aumento no índice de resistividade dessa artéria com relação aos demais. Então: Sim! Nessa semana o indicado é a avaliação Doppler da artéria uterinoplacentária em todas as vesículas gestacionais.

Esse aumento do índice de resistividade não acontece apenas na anasarca, mas sim em possíveis mortes embrionárias (que geram absorção embrionária) e outras malformações (como hidrocefalia, gastroquize, onfalocele, etc.).


conceito

A anasarca é o acúmulo líquido extravascular (hidropsia), comumente descriminada como o edema subcutâneo generalizado fetal. Na verdade classificamos como anasarca quando este acúmulo está em vários compartimentos simultaneamente: líquido ventricular cerebral (hidrocefalia), líquido subcutâneo (edema subcutâneo generalizado), líquido pleural (efusão pleural), líquido livre abdominal (efusão abdominal).

Quando o líquido é observado em apenas um compartimento, recebe um dos nomes individualmente descritos acima, quando em vários, classificamos a anasarca.


identificação morfológica

Como falamos, uma vez familiarizado com a avaliação morfológica gestacional, não é difícil identificar o acúmulo líquido fetal. Um dos primeiros achados pode ser a presença de formações císticas cervicais.


A efusão torácica é identificada tanto na etapa de avaliação morfológica quanto na mensuração da atividade cardíaca. O líquido livre torácico anecóico oferece um excelente contraste com o parênquima pulmonar, geralmente colapsado.


A efusão abdominal, caraterizada pelo acúmulo de conteúdo anecóico envolvendo as vísceras abdominais também promove um excelente contraste com estas estruturas.

No paciente em questão, uma outra alteração observada foi o edema renal, caracterizado pela hiperecogenicidade e indefinição corticomedular que se manteve até o final da gestação, diferindo do feto saudável cujo rim já apresentava características de maturação ao final da gestação.

causa de distocia e monitoramento

O edema subcutâneo promove um aumento das dimensões do feto acometido com relação aos demais, e essa diferença comumente é relacionada à distocia de origem fetal com características obstrutivas. Essa distocia pode comprometer o parto dos demais fetos, sendo então a anasarca uma condição indicatória de cesária.

fica a dica

Como é sabido, a monitoração da atividade cardíaca fetal e a interpretação dos valores dopplervelocimétricos das artérias umbilicais são determinantes para a decisão do momento ideal da cesárea. Essa monitoração exige paciência, destreza e colaboração da paciente.

Em casos de pacientes não colaborativas (seja por desconforto, dor, agitação, etc) a dica que eu dou é: foque a coleta dos dados de viabilidade e dopplervelocimétricos dos fetos saudáveis, uma vez que um paciente com anasarca possui condições incompatíveis com a vida, e nosso esforço deve ser concentrado para promover segurança no parto e a tentativa de salvar a mãe e os fetos saudáveis.

Se a paciente for colaborativa, você conseguiu coletar os dados dos fetos saudáveis (e está tudo bem), aí sim, estude o feto malformado, colete o máximo de informações dele e faça bons registros. Há poucos estudos dopplervelocimétricos em fetos malformados e não parece haver um padrão específico. Quanto mais estudos e relatos de casos tivermos, mais informações serão fornecidas a quem se dedica a estes estudos!


quer uma dica maior ainda, assista a uma aula post sobre os achados de anasarca fetal, clicando aqui!

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