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buchas de festas e feriados

Final de ano chegou seguidougs, e com ele as férias escolares, os feriados de Natal e de Réveillon e, como todo feriado, é muito comum que nossos pacientes venham para atendimento com alterações que remetem à essas festividades. Por isso, precisamos estar preparados para identificar alterações para que os clínicos responsáveis possam agir de maneira rápida e efetiva no tratamento e recuperação destes pacientes.


porque isso acontece?

Durante o período de férias, é muito comum que tutores viagem para localizades e quando os pets vão junto, geram estresse nos pacientes e, que consequentemente, mudam seus hábitos limentares, gerando assim sinais gastrointestinais de fácil observação, como hioprexia, anorexia, vômito e diarréia.

Do outro lado, estão os pets que não puderam viajar e de certo modo, também gera um estresse que pode (ou não) desenvolver alguma sintomatologia (como cistite no caso dos felinos).

Além disso, é comum que nossos pets passem mais tempo com crianças (devido às férias escolares) e, tenham contato com pessoas "estranhas" que são visitas nas residências e, que por ventura, alteram o ambiente, o manejo alimentar e também, poder gerar estresse aos pacientes.


principais alterações ultrassonográficas

As principais alterações relacionadas a essa mudança ambiental estão relacionadas ao trato gastrointestinal, com sintomatologia em comum voltadas ao vômito, diarréia e anorexia e geralmente associadas ao contato com alimentos incomuns da dieta (churrascos, comidas natalinas, chocolate) ou até mesmo corpos estranhos.

"os cães costumam ser mais afetados, por serem mais 'pidões' e porquê os gatos tendem a mascarar muitos sintomas"

Essa sintomatologia geralmente acontece como consequência de gastroenterites, corpos estranhos (obstrutivos ou não), pancreatite, colecistite, hepatopatia aguda.

A gravidade destes achados estará diretamente associada ao tipo de ingesta consumida, quantidade, resistência do paciente à ingesta consumida, resposta imunológica, comorbidades, idade e porte do paciente, dentre outros.

porte não importa? diga isso ao caroço de azeitona da ceia de Natal que está tentando passar do esôfago para a cárdia de um Rottweiller e de um Chihuahua ;)

Independente da intensidade dos achados, é necessário reconhecê-los para ajudar a triar um diagnóstico adequado.

diferença proporcional do caroço de azeitona em raças de diferentes portes

procure sinais inflamatórios

Todo ultrassonografista deve saber que os sinais inflamatórios são diferentes nos diversos tecidos avaliados, por exemplo, quando falamos de trato gastrointestinal:

  • em duodeno, sinais inflamatórios mais discretos estão associados a simples presença de líquido luminal, enquantos os moderados estão associados à espessamento de parede, redução do peristaltismo e os mais intensos denotam pregueamento da parede e esteatite adjacente

  • as gastrites mais leves podem nem ser identificadas em nosso exame, mas conteúdo fluido luminal e espessamento com irregularidade de mucosa podem estar associados a progressão dessa gastrite

  • no pâncreas, a hipoecogenicidade do parênquima, aumento da espessura e hiperecogenicidade dos tecidos adjacentes, com ou sem efusão, indicam pancreatite aguda

  • a hepatopatia aguda costuma gerar aumento das dimensões hepáiticas associada à hipoecogenicidade difusa do parênquima

  • a inflamação do mesentério e da gordura que envolve os órgãos costuma se apresentam como hiperecogenicidade com ou sem efusão associada



Logo, cada detalhe na avaliação ultrassonográfica pode faer a diferença, e a somatória de todos os achados é quem vai direcionar uma conclusão diagnóstica.

Já nos felinos, qualquer estresse (incluindo mudanças ambientais por viagem dos tutores ou receber visitas) pode desencadear várias alterações, sendo a mais comum a cistite:

  • na bexiga, a cistite costuma apresentar pontos ecóicos flutuantes e sedimentados no conteúdo luminal (que deveria ser totalmente anecóico)

  • pode haver espessamento da parede urovesical, com ou sem irregularidade da superfície interna (mucosa)


Em machos é comum ainda que haja processos obstrutivos em uretra, promovendo importante dilatação da uretra.

clique aqui para aprender mais sobre doença do trato urinário inferior dos felinos!

A adrenalite é comum nos casos de estresse imunológico (como nas cistites, por exemplo). Neses casos, os achados de adrenais incluem:

  • perda daquela cinturinha que a adrenal costuma ter, denotando aspecto mais oval à adrenal

  • hipoecogenicidade de parênquima com pobre (ou indefinição) das camadas

  • hiperecogenicidade de tecidos moles adjacentes

adrenalite em felino com cistite

Podemos observar ainda, sinais de inflamação das vias biliares nos felinos, que são comuns não apenas nessas épocas mas, podem se intensificar. Nos piores casos, podemos encontrar felinos em triadite (inflamação de vias biliares, trato intestinal e pâncreas).

para saber mais sobre a tríade felina, clique aqui!

e os corpos estranhos?

Ah, o corpo estranho! Eu D U V I D O que no dia 26 de dezembro, no dia 02 de janeiro (ou mesno no dia 25 de dezembro e 01 de janeiro, para quem faça plantão) você não receba ao menos um pedido de exame com a suspeita de corpo estranho, eu D U V I D O!

Realmente, é a temporada deles e esse diagnóstico diferencial vai estar em toda a consulta em que o clínico receba um paciente com vômito, anorexia e diarréia. E ão adianta reclamar, chorar, rezar, vai ter paciente com essa suspeita sim.

Nesse caso, sugiro que você leia o post de corpo estranho, pois ele está completíssimo, com imagens de ultrassom, raiox e até mesmo uma aula-post com vídeo!

clique aqui para acessar o conteúdo de corpo estranho!

pode piorar?

Pode, claro que pode seguidougs, sempre pode piorar. Infelizmente, nessa época do ano, o número de traumas aumentam em nossos pacientes: mais gente em casa entrando e saindo, favorece fugas e consequentes traumas automobilísticos e brigas. Além disso, a "cultura" de fogos de artifício ainda é comum em muitas regiões e vários de nossos pacientes (inclusive os meus dogs) têm pavor desse ruído e tendem a se machucar, fugir e gerar traumas muitas vezes importantes.

Nestes casos, muitas vezes recebemos pacientes em situação de emergência.



busca por efusão abdominal

Em nosso exame ultrassonográfico, a busca principal é por efusão abdominal, que pode remeter a um processo hemorrágico. O exame F.A.S.T. é o indicado para o paciente traumatizado, que foca na pesquisa e graduação de efusão em janelas específicas.

Em um exame ultrassongoráfico de rotina (como o que fazemos) a efusão pode estar associada a outros sinais, como presença de gás livre no abdomen (pneumoperitôneo) que remete a perfuração de víscera do trato gastrointestinal ou, ser um achado isolado. Neste caso, a punção abdominal é indicada para a confirmação de processo hemorrágico e consequentemente indicação para correção. Raramente é possível no exame ultrassonográfico localizar o órgão ou ponto de perfuração. Eu mesmo até hoje consegui localizar dois: um baço e um rim todo estraçalhado.

Além disso, traumas também podem gerar rotura de vias urinárias, causando uroperitôneo. É comum em casos de uroperitôneo que o líquido livre abdominal contenha uma quantidade variável de pontos ecóicos flutuantes (desde discreta à acentuada celularidade), que promova uma hiperecogenicidade do mesentério e deixe os segmentos intestinais pregueados. É importante ressaltar que, estes achados estão associados à porção do trato urinário agredido, à quantidade de conteúdo extravasado para a cavidade e ao tempo percorrido desde o trauma até o exame que você está realizando.


busca por hematomas

Os traumas também podem gerar hematomas, que são hemorragias teciduais. Quanto maior um órgão, maior a chance de sofrer um hematoma durante um trauma. Fígado e baço são campeões, mas também pode acometer rins, intestino, etc.

Os hematomas também terão apresentação diferente, a depender do tempo em que está instalado. Quando agudos, tendem a formar uma lesão focal de contornos pouco definidos, geralmente hipoecóica e de dimensões variáveis. Ele pode ser totalmente intraparenquimatoso, ou seja, estar totalmente no interior do parênquima do órgão afetado mas, também pode afetar a periferia do órgão.

Algumas vezes, o hematoma e o sangramento gerado pelo trauma ficam contidos pela capsula que envolve o órgão, chamamos este achado de um hematoma subcapsular.

Um hematoma subcapsular deve ser monitorado, pois pode haver rotura expontânea (ou sequente a um novo trauma) e gerar hemoperitôneo.

Outros achados comuns no paciente traumatizado são as eventrações (clique aqui para ler mais) e fraturas (daí deixo apra o pessoal do raioX).

Traumas torácicos também podem ter contribuição do diagnóstico ultrassonográfico, onde a ultrassonografia torácica pode identificar a presença de efusão, guiar a coleta para confirmação de processo hemorrágico ou até mesmo na identificação de áreas de contusão do parênquima pulmonar.

Além disso, temos as temidas hérnias diafragmáticas (na verdade, rotura diafragmática) onde podemos observar a presença de estruturas abdominais na cavidade torácica.


pense fora da caixa!

Neste período de férias e viagens, é comum que os pets viagem com seus tutores para outras regiões e portanto, que nós atendamos pacientes que vieram de outra região do estado ou até mesmo do país e, dessa forma, que chegue até nós com doenças que não estamos habituados a atender por não serem comuns em nossa região, e sim de outras regiões. As doenças endêmicas são aquelas que costumam afetar de maneira continua determinada região, pelas características locais de clima, umidade e consequentemente flora e fauna, sejam elas doenças infecciocas, parasitárias ou não (como as inflamatórias crônicas).

Um exemplo: a dirofilariose, comum nas áreas litorâneas e praticamente rara aqui no estado onde moro e, enquanto aqui, a leishmaniose é mais do que comum, é extremamente incomum em determinadas regiões.

É importante sabermos dos aspectos ultrassonográficos destas doenças, principalmente nesse período do ano, para que quando nos depararmos com tal situação, saibamos reconhecer e indicar o melhor caminho ao diagnóstico.

Até hoje me lembro de uma paciente que residia aqui em Campo Grande (MS) e viajou para Santos (litoral de SP) e lá, por algum motivo passou mal e ultrassonografista que realizou o exame (muito bem, por sinal) se impressionou com as mineralizações dos recessos pélvicos e deu grande importância a este achado e, no momento do exame, não foi informada de que a paciente era daqui e, este é um achado muito comum (o mais comum na minha opinião) de pacientes portadores de leishmaniose.


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