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conteúdos da vesícula biliar

Olá seguidougs! Uma dúvida muito comum que sempre recebo no Instagram se refere a descrição dos conteúdos da vesícula biliar, principalmente nos estágios que progridem para a mucocele. Então que tal a gente falar um pouco sobre isso?

Neste post vou falar especificamente de cães ok? Uma vez que mucocele biliar em felinos é extremamente raro, todas as referências e descrições que colocarei aqui são de caninos, mesmo que algumas descrições possamos extrapolar para os gatinhos!

Outra coisa: a descrição se refere ao aspecto ultrassonográfico: não costumo colocar a mensuração de volume por exemplo.


vesícula biliar normal

Como órgão oco como principal função armazenar a bile, a vesícula biliar pode apresentar diferentes graus de repleção que estão relacionados com o período de jejum, processos obstrutivos, inflamatórios e etc.

Ainda considerando como órgão oco, tenho costume de descrever de dentro para fora, ou seja: graduando o conteúdo/repleção, caracterizando este conteúdo, depois descrevendo os aspectos da parede e por último as adjacências se necessário.

A repleção costumo descrever de forma empírica como discreta, moderada ou acentuada.



conteúdo

normal: anecóico e homogêneo.

descrição de alterações: anecóico com discreta/moderada/acentuada quantidade de pontos ecóicos flutuantes e/ou sedimentados; anecóico com presença de estrias ecóicas/hiperecóicas flutuantes ou aderidas ou parcialmente aderidas à parede; ecóico e heterogêneo; anecóico com presença de estrutura hiperecóica, arredondada, de Xcm, formadora de sombra acústica (neste caso, uma colecistolitíase).


parede

normal: Normoespessa (até 3mm) com superfície interna lisa.

A estratificação da parede de vesícula biliar normal não é evidente.

descrição de alterações: espessada (Xcm) com superfície interna lisa; espessada (Xcm) com superfície interna lisa; Normoespessa (Xcm) com superfície interna irregular.


clicando aqui você acessa um post sobre os aspectos normais das vias biliares


graduar o sedimento

Aqui começam as alterações, que podem culminar em progressão para mucocele: o sedimento. Em 2016, Cook et al sugeriu uma graduação em cinco tipos, sendo o tipo I a repleção normal (que já comentamos logo acima) e sem sedimento. Do tipo II ao tipo V, a quantidade de sedimento vai aumentando gradativamente, conforme a imagem abaixo.

Classificação do conteúdo ecogênico da vesícula biliar (Cook et al, 2016).

Este sedimento pode ser homogêneo ou heterogêneo.

Geralmente eu graduo a quantidade de sedimento de forma mais empírica (discreta, moderada ou acentuada quantidade de sedimento ecóico). Mas podemos deixar isso mais específico com a graduação de Cook et al (2016). Por exemplo:

Vesícula biliar sob moderada repleção por conteúdo luminal anecóico com acentuada quantidade de sedimento ecóico (tipo IV); Parede...


hiperplasia mucinóide da parede

A gente observa essa alteração quando o conteúdo luminal é ecogênico e nas beiradinhas, próximo da parede, observamos um "gominhos anecóicos" Algum tempo atrás, eu descrevia, de forma errada, da seguinte maneira: "moderada/acentuada repleção por conteúdo ecogênico com periferia anecóica", pois o conteúdo geralmente é ecogênico com as beiradinhas anecóicas mas estudando vi que estava totalmente equivocado.

A "periferia anecóica" é na verdade a presença de cistos na mucosa da parede, então isso deve ser descrito na parte de parede, e não de conteúdo.

Exemplo de descrição:

Conteúdo luminal ecogênico em acentuada quantidade (tipo V); Parede espessada com presença de irregularidade anecóica em superfície interna (cistos em mucosa) - imagens compatíveis com hiperplasia mucinóide.




colecistite

Aqui já observamos um importante espessamento irregular da parede da vesícula biliar, independente do tipo de conteúdo luminal. A principal diferença para o próximo estágio é, aqui, a ausência de estrias na parede.


mucocele

Uma informação importante sobre a mucocele é a característica friável da parede, o que pode evoluir para ruptura, sendo aqui a intervenção cirúrgica a mais indicada, uma vez que a partir deste ponto as respostas ao tratamento medicamentoso não são observadas.

O conteúdo luminal ecogênico na mucocele começa a se mover mais centralmente, com uma distribuição estriada e concêntrica, tornando nossa descrição assim:

Acentuada repleção por conteúdo luminal ecogênico e heterogêneo, com distribuição de aspecto estriado e concêntrico; Parede acentuadamente espessada, com estrias hiperecóicas e importante irregularidade de superfície interna - imagens compatíveis com mucocele.


O último estágio observável de evolução da mucocele é quando a parede se torna anecóica, e este achado pode estar associado a pontos de necrose da parede. Neste ponto não há conteúdo luminal ou ele não é distinguível com relação a parede, e nossa descrição fica da seguinte forma:

Parede acentuadamente espessada, irregular, anecóica e heterogênea devido a presença de estrias hiperecóicas de distribuição concêntrica.

Hiperecogenicidade dos tecidos moles adjacentes e a presença de efusão adjacente já indicam possível perfuração ou ruptura desta parede.


Lembrando que essas são as formas que eu, hoje, uso para descrever estes achados. Estamos evoluindo a cada dia e pode ser que aprendamos em breve outras formas de descrever, ou você pode ter uma experiência melhor e diferente com outras formas de descrever.






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