Assim como qualquer tecido, a parede gástrica pode sofrer com o excesso de líquido, o que gera/caracteriza o edema de parede.
Como sabemos, na ultrassonografia o conteúdo líquido, fluidos, apresentam-se como conteúdo hipo/anecóicos. E o conteúdo fluido mural é da mesma forma.
Para caracterizar o edema de parede gástrica, precisamos ver esse espessamento hipoecóico, que ocorre principalmente na mucosa. Esse espessamento por conteúdo fluido costuma formar algumas irregularidades da superfície mucosa.
Uma informação importante é que o edema de parede gástrica ocorre difusamente na mucosa, e não interfere na nossa percepção de caracterização da estratificação parietal. Ou seja, as camadas da parede, que comentamos no artigo sobre sistema gastrointestinal, permanecem nítidas e evidentes.
causas
A principal causa do edema de parede gástrica é a hipoproteinemia. Como isso acontece? Bem, devemos lembrar que no sangue as proteínas exercem um importante papel: são responsáveis pela pressão oncótica. Essa pressão oncótica é a responsável por atrair/segurar a água no interior dos vasos sanguíneos e, se não há proteínas suficientes, essa pressão oncótica é reduzida e os fluidos intravasculares vão para o espaço extravascular, gerando edemas e efusões.
O edema gástrico é um diagnóstico-sinal clínico, pois ele é então, consequência de algo, como a hipoproteinemia. Então a causa/origem dessa hipoproteinemia deve ser investigada: aumento da perda de proteínas (como lesões renais/proteinúria), diminuição da ingestão de proteínas (anorexia), diminuição da absorção de proteínas (lesões intestinais) ou diminuição da síntese de proteínas (lesão hepática).
Outra causa comum de edema de parede gástrica é a hipertensão portal. Quando o sangue da veia porta não entra de maneira adequada no tecido hepático, a velocidade desse sangue diminui e a pressão hidrostática no sistema portal aumenta. O fluxo no sistema porta pode, inclusive, tomar sentido retrógrado, denominado hepatofugal. Isso acontece em casos mais graves de hipertensão portal. Nesses casos, a pressão hidrostática é ainda maior gerando edemas nos tecidos que, drenam no sistema porta, como: pâncreas, duodeno, estômago e baço. Logo, quando a causa do edema de parede gástrica for a hipertensão portal, podemos observar congestão e edema nestes órgãos também, incluindo edema de parede de vesícula biliar.
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O paciente em que adquirimos essas imagens era hepatopata crônico, o que nos levou a pensar que a causa do edema de parede gástrica seria hipoproteinemia por redução da síntese proteica hepática. Na época, eu não sabia fazer avaliação Doppler para diagnosticar uma possível hipertensão portal porém, não haviam outros sinais ao modo B de hipertensão portal.
Lesões neoplásicas difusas podem mimetizar o edema de parede, mas geralmente os achados relacionados a neoplasias costumam gerar perda da estratificação parietal, bem como reatividade dos tecidos moles adjacentes.
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