Eventração seguidougs! O deslocamento de estruturas da cavidade abdominal para a região subcutânea perianal é um tipo de eventração, e não de hérnia. As hérnias ocorrem quando estruturas se deslocam por meio de uma "passagem natural" do organismo, como acontecem na região umbilical e inguinal (por exemplo).
A região perianal é composta por um conjunto muscular que forma o que chamamos de diafragma pélvico. O músculo que geralmente está envolvido na falha promotora da eventração perianal é o músculo elevador do ânus.
para ler mais sobre a diferença entre hérnias e eventrações, clique aqui!
por quê acontece?
A eventração acontece porquê as estruturas da cavidade abdominal ou pélvica se deslocaram para a região subcutânea perianal através de uma passagem adquirida, geralmente o rompimento da musculatura do diafragma pélvico. Essa passagem adquirida acontece por vários motivos, o principal deles é o enfraquecimento e atrofia deste músculo, que geralmente ocorre durante a meia idade.
Por experiência própria, eu percebo um perfil semelhante entre os pacientes que atendo com eventração perianal: o comportamento. Geralmente são cachorros, bravos, que vivem em quintal, territorialistas e que gostam de latir para outros animais, pessoas ou automóveis que passam na rua.
Sabe aquele cachorro que tá dormindo de boa na varanda, passa alguém perto do portão e no nada e já sai correndo, naquele estouro, correndo e latindo ao mesmo tempo? Eu acho que a fragilidade na musculatura do diafragma pélvico associado à pressão que o paciente faz, para correr e latir ao mesmo tempo força essa musculatura que acaba não suportando a pressão.
órgãos envolvidos
As estruturas abdominais comumente deslocadas para a região perianal são bexiga, cólon e próstata. Alguns pacientes também podem apresentar divertículo retal, uma saculação originada do reto.
sinais clínicos
O deslocamento de estruturas para essa região promove aumento, que pode ser uni ou bilateral, adjacente ao ânus. A textura desse volume varia, de acordo com a estrutura deslocada. Essa condição pode varias desde assintomática à paciente com retenção fecal ou urinária. A dor geralmente é constante mas como disse anteriormente, geralmente acontece em cães bravos então a gente acaba sem ter certeza se o paciente está com dor realmente ou se ele é agressivo por natureza.
sobre o nosso exame
Nestes casos, eu costumo documentar a topografia habitual das estruturas mesmo que eu não as encontre lá, para mostrar por exemplo, que a bexiga não está no lugar da bexiga.
O mesmo com a próstata ou qualquer outra estrutura e então, documentar que estruturas você localizou no aumento de volume.
Atenção especial aos rins e as condições do conteúdo fecal. Quando a bexiga está deslocada, pode haver retenção urinária e devemos procurar sinais de obstrução do trato urinário, como pielectasia ou até mesmo algum grau de hidronefrose.
O aspecto das fezes também deve ser observado, pois quanto mais limpa for a sombra acústica e o diâmetro do cólon podemos presumir a retenção fecal.
aprenda mais sobre a pielectasia clicando aqui
Lembram que comentei que os pacientes parecem ter perfil semelhante? Pois é, acredito que isso também seja um dos fatores da correção cirúrgica apresentar tamanha quantidade de recidivas, pois é muito comum um paciente passar pela cirurgia e em alguns meses retornar com uma nova eventração.
Estão vendo, não é vantagem ser esquentadinho, melhor ser calmo e evitar as eventrações =)
Até mais seguidougs. =)
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